“Joelho ou porta velha? Entenda esse barulho!”

“‘Crec-crec’, ‘nheeec’ ou até a sensação de areia dentro do joelho — ele faz esses barulhos quando você se levanta ou se senta em uma cadeira, ou durante exercícios na academia? Entenda o que pode estar acontecendo...”

Uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos e clínicas de fisioterapia é o barulho que o joelho faz durante atividades do dia a dia ou práticas esportivas. Isso costuma gerar medo e insegurança nos pacientes, já que muitos acreditam que esses estalos indicam uma lesão no joelho. Mas será que esses sons são realmente sinais de algum problema? Vamos entender melhor em quais situações esses barulhos podem ser prejudiciais — ou não.

Temos ruídos patológicos que podem ser divididos em agudos e crônicos. Tanto os agudos quanto os crônicos podem estar acompanhados de dor. No entanto, os ruídos agudos costumam estar associados a lesões ligamentares ou meniscais. Já os ruídos crônicos podem ocorrer de forma esporádica e gradativa. Quando apresentam uma frequência maior, geralmente estão relacionados à osteoartrose do joelho, lesões de cartilagem, lesões meniscais antigas ou dor femoropatelar.

(E aqui vale abrir um parêntese): nem sempre essas patologias estão associadas à dor e incapacidade. Há muitos casos de osteoartrose de joelho em que o paciente apresenta rangidos, mas não sente dor nem apresenta comprometimento funcional.

Um estudo publicado em janeiro deste ano, no British Journal of Sports Medicine (BJSM), com mais de 7.500 joelhos, mostrou que 41% da população apresenta crepitação no joelho. Uma porcentagem semelhante (variando entre 36% e 50%) de pessoas sem dor também apresenta crepitação. Isso demonstra que grande parte das pessoas que apresentam esse sinal não sente dor.

A forma de entender se o barulho no joelho é preocupante ou não é observar se ele vem acompanhado de: (1) dor; (2) inchaço; (3) dificuldade para realizar atividades funcionais. Essas são três características que podem apresentar-se juntas ou separadamente.

Já um barulho de características fisiológicas — ou seja, que não deve causar preocupação — não apresenta essas três características e pode ser explicado pela presença de bolhas de ar dentro do líquido articular, que “estouram” com os movimentos que realizamos. É algo semelhante ao estalar dos dedos.

Outro fator que pode gerar os barulhos no joelho são estruturas do joelho (por exemplo, tendão) passando por estruturas ósseas ou tecidos, o que gera barulho, e sensação de "ressalto".

Portanto, ao perceber barulhos no joelho, evite se desesperar. Observe se eles vêm acompanhados de dor ou alguma limitação funcional, pois isso ajudará a decidir se é necessário agir. Em caso de dúvidas, procure a orientação do seu fisioterapeuta.